Rumo ao santuário das Baleias no Atlântico Sul - Oceana Brasil
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Rumo ao santuário das Baleias no Atlântico Sul

Agosto 22, 2016

O Brasil e outros quatro países, a Argentina, o Uruguai, a África do Sul e o Gabão, querem criar uma área protegida para as baleias em todo o Oceano Atlântico sul, entre o Brasil e a África, conhecida como Santuário do Atlântico Sul. Para que esse Santuário seja criado, a proposta precisa ser aprovada por 75% dos 80 países que compõe a Comissão Internacional Baleeira (CIB), o mais antigo acordo internacional, criado em 1946.Essa proposta já foi apresentada em anos anteriores, mas faltaram alguns poucos votos para a sua aprovação. Agora, a proposta traz também um plano de manejo que segue rigorosamente as recomendações do Comitê Científico dessa Comissão, e será levada para a reunião que acontecerá na Eslovênia em outubro próximo. Para mobilizar o apoio de outros países, o Ministério do Meio Ambiente lançou uma campanha nas redes sociais com a hashtag #SantuarioEuApoio. A campanha ficará no ar até a reunião em outubro e pretende garantir os poucos votos que faltam para que a proposta conquiste a maioria qualificada de apoios. Para o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, a campanha tem a intenção de captar votos de países ainda indecisos em relação à criação do Santuário. “Temos vários aliados e queremos que a sensibilidade em todo o mundo defenda as baleias”, declarou o ministro. Ele ressaltou a recuperação das populações das baleias jubarte, antes ameaçadas de extinção, como um dos principais avanços no assunto. “O Brasil sempre teve uma postura ativa na conservação dessas espécies”, afirmou o ministro. “Vamos aproveitar esse momento de união dos países nos jogos olímpicos para lançar essa campanha global”, acrescentou. Conforme informações do MMA, junto com o Santuário já existente na Antártica, a nova área protegerá todas as baleias que circulam pelas águas jurisdicionais sul-americanas e o litoral sudoeste do continente africano. São aproximadamente 51 espécies de cetáceos que habitam o Atlântico Sul, entre elas as baleias jubarte, franca, azul, fin, sei e minke antártica, que são altamente migratórias, alimentando-se nos oceanos antártico e subantártico durante o verão e reproduzindo-se em águas tropicais, subtropicais e temperadas no inverno e primavera.Proteção às espécies ameaçadasPara a diretora geral da Oceana, Monica Peres, a iniciativa deve ser elogiada e apoiada, já que a criação do Santuário irá mitigar os principais impactos sobre as populações de cetáceos que migram nesse oceano e, também, na Zona Econômica Exclusiva (ZEE) brasileira. Ela ressalta que, apesar das baleias estarem sujeitas a vários impactos como poluição, mudanças climáticas, atropelamentos por embarcações, a causa do declínio drástico das populações de baleias no mundo inteiro foi a caça excessiva no início do século passado. Assim que a caça foi proibida em áreas críticas, e manejadas onde necessário, as populações começaram a recuperar, e muitas delas estão voltando às suas abundâncias originais. “A recuperação da baleia-jubarte no litoral brasileiro é um exemplo clássico, e uma bela lição de boas práticas para nós todos. A espécie estava ameaçada e recuperou-se gradualmente após a proibição da caça e molestamento desses animais maravilhosos!” informa. Para Monica, a situação é comparável à realidade de declínio das populações de peixes marinhos: “Isso nos mostra que temos que ter um manejo de pesca muito mais forte e eficiente do que o atual. O que nós todos esperamos é que possamos ter a mesma política para outras espécies também ameaçadas. Peixes e tubarões podem não ser tão carismáticos, mas tem a mesma importância para o equilíbrio de nosso ecossistema marinho”, completou.Monica, que é bióloga pesqueira, considera que a inciativa, além de ter grande importância ambiental, gera, também, grandes benefícios econômicos, principalmente na área do turismo. Segundo a pesquisadora, o declínio da abundância da biodiversidade marinha, sejam baleias, tartarugas, aves, peixes ou tubarões, é um grande prejuízo para o mergulho de observação. “Vivos, esses animais podem gerar muitos milhões de dólares. Muitas pessoas adoram mergulhar e ter contato com um mar vibrante de vida. Esse é também um uso da biodiversidade, um uso não letal. Uma politica adequada deve garantir espaço tanto para a pesca bem manejada quanto para o turismo, e o mergulho de observação. A biodiversidade é um bem de todos”, defende.Se você quer mais informações sobre a campanha, acesse o hotsite da campanha, em http://santuariodebaleias.mma.gov.br. A Oceana apoia essa ideia!