Em encontro nacional, pescadores artesanais debatem gestão pesqueira
Julho 15, 2016
Junto com a Oceana, líderes e representantes da pesca artesanal vão debater, entre outros temas, o funcionamento do sistema de Gestão Compartilhada da Pesca
Representações e líderes de pescadoras e pescadores de todo o Brasil estarão reunidos, de 20 a 22 de julho, em Tamandaré (PE), durante o workshop “Pesca artesanal e gestão pesqueira no Brasil: troca de experiências”. Essa troca de experiências permitirá discutir estratégias para melhorar e fortalecer a participação da pesca artesanal independente nos Comitês Permanentes de Gestão da Pesca (CPGs) e em outros fóruns de gestão da pesca a nível nacional. Estará em pauta também o automonitoramento da pesca, ou seja, a coleta de dados pesqueiros pelas próprias comunidades pesqueiras.
A iniciativa do encontro é do Movimento de Pescadoras e Pescadores Artesanais (MPP), da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (CONFREM), do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) e da Oceana. A reunião conta com o apoio do Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (CEPENE/ICMBio), da Rare, e contará com a presença do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade de Montes Claros (Unimontes), Articulação Nacional das Pescadoras (ANP) e dos Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
A Oceana defende a proteção dos oceanos através da estruturação do ordenamento científico da pesca, com transparência e ampla participação da sociedade. Isto significa que a organização incentiva e apoia a coleta e análise de dados pesqueiros, pesquisa aplicada à gestão, fortalecimento e qualificação da participação social na elaboração, implementação e controle de medidas de manejo da pesca marinha. Segundo a diretora geral da Oceana, Monica Peres, esse workshop será importantíssimo para todas as organizações envolvidas. “O Brasil tem que entender que manejar a pesca e proteger os oceanos é um dos melhores investimentos a fazer. Já sabemos que em muitos outros lugares do mundo, cada real investido em manejo e pesquisa gera mais de 200 reais na economia local. O que muitos não sabem é que a pesca artesanal tem enorme conhecimento acumulado e uma importância grande nas economias locais. É só com muita discussão e franqueza, criatividade e trabalho duro que encontraremos as soluções para todos os problemas que estamos enfrentando no processo de gestão da pesca”, afirma Monica Peres.
No Brasil, os dados oficiais estimam uma produção anual de pescado proveniente da pesca marinha extrativa entre 450 e 850 mil de toneladas, dependendo do ano. O número de empregos diretos e indiretos gerados pela atividade é de cerca de 3,5 milhões de pessoas e responde por algo entre 50 e 70% da produção nacional. A FAO, organismo da ONU responsável pela sustentabilidade alimentar, considera a pesca artesanal fundamental para combater a fome no mundo. Além da importância econômica, a atividade também cumpre um papel social e cultural em milhares de comunidades por toda a costa brasileira, sendo que 60% dos pescadores estão concentrados nas regiões norte e nordeste do Brasil.