Flip e Oceana firmam parceria para reduzir o uso de plásticos descartáveis
Festa literária dá os primeiros passos para se tornar, futuramente, uma Zona Livre de Plástico
Por sua presença integrada à Baía de Paraty, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) tem, desde sua origem, a preocupação com a sustentabilidade e o uso consciente de recursos. Em 2022, a festa dá um passo além em seu compromisso com a mudança: na edição que começou ontem (23), foi estabelecida uma parceria com a ONG Oceana para reduzir o consumo de itens de plástico descartável durante sua realização.
“Essa parceria inédita aponta na direção de uma solução inovadora para a poluição marinha, que batizamos de Zona Livre de Plástico (ZLP). Nelas não há fornecimento, comércio ou utilização de plásticos de uso único, que são descartados logo após a sua utilização. A disposição da Flip em avançar para se consolidar, no futuro, como uma ZLP é uma indicação importante e necessária que contribuirá para a recuperação da saúde dos oceanos”, aponta Lara Iwanicki, engenheira ambiental e gerente de campanhas da Oceana Brasil.
Com o propósito de aprofundar a discussão sobre este tema na própria Flip, a Oceana participa hoje (24), às 18h, do debate “Preservação, Biodiversidade em Questão”, na Casa M.A.R. – na Praça da Bandeira. Além de Iran Magno, analista de campanhas da Oceana, integrarão a mesa Vinícius Soares, Secretário de Meio Ambiente de Paraty e Márcio Rogério Grogião, representante da Secretaria de Agricultura e Pesca.
Iniciativas na Flip e para o Brasil
Entender o consumo de plásticos descartáveis e a dinâmica do uso desses itens no evento é uma tarefa importante para a Flip vir a se consolidar como uma Zona Livre de Plásticos (ZLP). Como fruto da parceria estabelecida com a Oceana, nessa edição de 2022, a organização do evento promoveu a substituição de 10 mil copos descartáveis por copos de papel em áreas estratégicas e a instalação de bebedouros para que as equipes de produção e montagem utilizem xícaras e copos reutilizáveis durante o trabalho, diminuindo ainda mais a dependência dos galões e copos plásticos.
Além disso, a Flip ainda estabeleceu que no Auditório da Matriz, está proibida a entrada de copos descartáveis, garrafas PET e sacolas descartáveis. É bastante simbólica a escolha da Flip em estabelecer esse espaço principal – que é, historicamente, o palco dos aguardados encontros entre célebres nomes da literatura nacional e internacional – já como uma área livre de plásticos em 2022. A única exceção relaciona-se a alguns protocolos sanitários de prevenção da Covid-19, adotados devido ao recente aumento de casos da doença no país.
Zonas Livres de Plástico
A partir dessa primeira movimentação, a Flip pretende avançar nesse processo e se consolidar como uma Zona Livre de Plásticos (ZLP) em suas próximas edições. A redução da utilização de plásticos de uso único é uma medida necessária e urgente para a diminuição dos impactos desse material no meio ambiente. O conceito e a metodologia das ZLPs foram concebidos pela Oceana, a maior ONG internacional voltada exclusivamente à proteção dos oceanos, que tem como um dos focos de sua atuação o combate à poluição marinha por plásticos. Globalmente, todos os anos, ao menos 8 milhões de toneladas de plástico são despejados nos oceanos. Isso equivale a um caminhão de lixo por minuto. Em seu relatório “Um Oceano Livre de Plásticos”, a organização aponta que no Brasil, anualmente, cerca de 325 mil toneladas de plástico chegam aos nossos mares.
A aplicação da metodologia ZLP demonstra que é possível ajustar “a pegada” de plástico a espaços coletivos que desejam se integrar à mudança. De escritórios corporativos, aeroportos, escolas, feiras, hotéis e quiosques de praia até eventos – como ocorre agora na Flip.
A Oceana defende medidas concretas para solucionar o problema da poluição por plásticos e entende que diversas frentes de ação são necessárias para reverter o cenário que temos hoje. Foi pensando nisso que na campanha de combate à poluição plástica estabeleceu três frentes de trabalho: a metodologia ZLP, o desafio ao setor corporativo para reduzir seu impacto e a defesa de uma lei que reveja a produção de plástico descartável no país.
Em relação a esta última frente, juntamente com outras organizações da sociedade civil, a Oceana defende a aprovação do Projeto de Lei (PL) 2524/2022, que propõe um marco regulatório para a Economia Circular e Sustentável do Plástico e desde setembro deste ano tramita no Senado Federal. Todas as pessoas podem acessar o PL na internet e reforçar a sua importância, dando um recado claro aos parlamentares sobre a urgência em reduzir esses resíduos e os seus graves impactos.
Os plásticos descartáveis são uma ameaça duradoura para todas as espécies marinhas, para a natureza e para a humanidade. Uma vez no ambiente, o plástico – que é feito a partir do petróleo – nunca desaparece. O material se divide em partículas cada vez menores, chamadas microplásticos, que já foram encontradas por cientistas no sal, no ar e em nosso organismo (sangue, placenta e até no leite materno).
“Países tão distintos como o Canadá e a Índia já estabeleceram medidas regulatórias para o plástico. Precisamos fazer o mesmo no Brasil, com urgência. Precisamos pressionar os parlamentares a abraçarem essa causa e aprovarem esse projeto de lei. Todas as pessoas podem acessar o PL pela internet e reforçar a sua importância, posicionando-se a favor da redução da produção de plástico e de seus graves impactos socioeconômicos e ambientais”, conclui o analista de campanhas da Oceana, Iran Magno.