Após anos de campanhas da Oceana, a multinacional anuncia novo compromisso para reduzir o uso de plástico em suas embalagens.
A gigante do e-commerce, Amazon, anunciou oficialmente que, a partir desse mês de outubro, eliminará todas as almofadas de ar feitas de plástico (airpads) das embalagens das suas entregas, preparadas em todos os seus centros de distribuição globais. A empresa também declarou que, até dezembro deste ano, pretende reduzir a um terço as remessas que incluem embalagens de plástico na América do Norte, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Essa mudança da Amazon é resultado da campanha da Oceana e de seus aliados demandando que a empresa reduzisse o uso de embalagens plásticas. Ao longo do tempo, a organização divulgou relatórios com dados sobre a responsabilidade da Amazon na volumosa geração de resíduos de plástico, fez ações de denúncia em frente à sede da empresa, reuniu-se com seus representantes e solicitou que os acionistas se posicionem pela redução do uso do plástico.
Vice-presidente sênior de iniciativas estratégicas da Oceana, Matt Littlejohn, afirma que o anúncio da Amazon é uma notícia bem-vinda e necessária para a saúde dos oceanos. “Historicamente, a Amazon vem utilizando bilhões dessas almofadas de ar todos os anos. Elas não podem ser recicladas, nem são compostáveis – ao contrário das alternativas de papel -, e acabam chegando aos oceanos e afetando toda a biodiversidade marinha”, declara.
O anúncio da Amazon chega antes da última reunião prevista de negociações finais para a elaboração do Tratado Global Contra a Poluição Plástica, sendo encaminhado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que será realizada entre 23 novembro e 1º de dezembro, em Busan, na Coréia do Sul. “A Amazon sinalizou para outras empresas multinacionais que é possível fazer uma significativa redução no uso de plásticos, em nível global. Outras corporações campeãs de poluição por plásticos, como a Coca-Cola, devem seguir esse exemplo”, sugere Matt Littlejohn.
Em junho deste ano, a multinacional já havia anunciado a substituição de 95% das almofadas de ar feitas de plástico usadas em suas embalagens na América do Norte por enchimento de papel 100% reciclado. Segundo a empresa, essa medida evitaria o uso de quase 15 bilhões de almofadas por ano.
Brasil segue sem regulação para conter poluição por plástico
A Oceana, junto com mais de 80 organizações da sociedade civil brasileiras, integra a campanha Pare o Tsunami de Plástico, que tem como principal objetivo a aprovação do Projeto de Lei 2524/2022, apelidado de PL do Oceano Sem Plástico. Tramitando na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal desde outubro de 2023, este PL propõe a implementação da Economia Circular do Plástico, para garantir uma regulação que modifique a forma como o plástico é produzido, consumido e descartado no país.
Maior poluidor de plástico na América Latina e 8º maior do mundo, o Brasil precisa avançar, com urgência, no controle dessa poluição – considerada pela ONU a segunda maior ameaça ambiental ao planeta, atrás apenas da emergência climática -, e se colocar entre os países que propõem soluções efetivas para essa crise global.
O PL 2524/2022 propõe a redução da produção de itens plásticos desnecessários e problemáticos, que as embalagens sejam retornáveis, comprovadamente recicláveis ou compostáveis e estabelece metas de reuso e de reciclagem, além da inclusão de catadores e catadoras de materiais recicláveis no Programa Federal de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA).
Saiba mais sobre a campanha Pare o Tsunami de Plástico, participe e compartilhe o abaixo-assinado em apoio ao PL 2524/2022.