Coca-Cola abandona metas de redução e reutilização de plástico descartável - Oceana Brasil
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Dezembro 19, 2024

Coca-Cola abandona metas de redução e reutilização de plástico descartável

Por: Oceana

O TEMA: 

 

No dia 2 de dezembro, logo após as negociações do Tratado Global Contra a Poluição Plástica da ONU, terem sido concluídas sem consenso, a Coca-Cola Company – maior poluidora de plásticos do mundo, segundo a Auditoria de Marca Break Free From Plastic, e um dos principais membros da Coalizão Empresarial para o Tratado Global do Plástico, anunciou novos objetivos de sustentabilidade que, concretamente, colocam fim às suas metas de reduzir o uso de plástico virgem e aumentar as embalagens reutilizáveis.

Em vez disso, a empresa anunciou que, até 2035, buscará aumentar “o uso de plástico reciclado para 30% a 35% globalmente” e “ajudar a garantir a coleta de 70% a 75% do número equivalente de garrafas e latas introduzidas no mercado anualmente”. Na prática, mais conteúdo de plástico reciclado (se usado para produzir plástico descartável), não reduzirá o uso geral de plástico pela empresa. As seguintes metas, relatadas em agosto na sua Atualização Ambiental de 2023, foram abandonadas:

  • “Ter pelo menos 25% de nossas bebidas em todo o mundo, por volume, vendidas em garrafas de vidro ou plástico retornáveis ou em dispensadores, com embalagens reutilizáveis, até 2030”
  • “Reduzir nosso uso de plástico virgem derivado de fontes não renováveis em um total cumulativo de 3 milhões de toneladas de 2020 a 2025”

Diante do vexatório recuo da corporação multinacional, Matt Littlejohn, vice-presidente sênior para Iniciativas Estratégicas da Oceana, afirmou: “A decisão da Coca-Cola de insistir no plástico descartável é imediatista, irresponsável e merece condenação generalizada por parte dos consumidores, funcionários, investidores e governos preocupados com o impacto dos plásticos em nossos oceanos e na nossa saúde”.

Na sua avaliação, a nova política da Coca-Cola aumenta a probabilidade de que muitos outros bilhões de garrafas e copos plásticos de uso único continuem a ser despejados na natureza, especialmente em cursos d’água e mares. A Oceana estima que, se a empresa cumprisse seu compromisso de atingir 25% de embalagens reutilizáveis até 2030 (em comparação com sua participação atual de 14%), a Coca-Cola poderia evitar a produção do equivalente a mais de 100 bilhões de garrafas e copos plásticos descartáveis de 500 ml e impedir que aproximadamente 8,5 a 14,7 bilhões dessas garrafas e copos impactassem o meio ambiente.

“As novas e frágeis promessas da empresa relacionadas à reciclagem não farão diferença em seu uso geral de plástico. Como a principal poluidora de plástico no mundo, a Coca-Cola tem a obrigação de assumir a responsabilidade real sobre o desperdício e a volumosa poluição que gera. Em vez disso, está simplesmente adiando a questão, jogando a garrafa plástica no mar, novamente. Os investidores da Coca-Cola e os governos de todo o mundo devem prestar atenção e tomar medidas para responsabilizar a empresa” conclui Littlejohn.

Brasil precisa avançar

Maior poluidor de plástico da América Latina e 8º maior do mundo, o Brasil ainda não tem nenhuma legislação para reduzir a produção e a consequente poluição plástica. O Projeto de Lei 2524/2022, apelidado de PL da Economia Circular do Plástico, está parado desde outubro de 2023 na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

“O Brasil está consideravelmente atrasado nesta pauta devido aos interesses e intenso lobby da indústria. É necessário que o PL 2524/2022 seja aprovado imediatamente para conter o tsunami de plástico que prejudica nossas praias, rios, mares, pescadores, fauna marinha e até a nossa saúde para que nosso país siga num rumo mais limpo”, aponta a gerente de advocacy e estratégia da Oceana, Lara Iwanicki.

Com o propósito de engajar a sociedade a pressionar o Congresso Nacional para a aprovação do PL 2524, a campanha Pare o Tsunami de Plástico já conta hoje com mais de 80 organizações da sociedade civil, especialmente das áreas ambiental, da saúde e de movimentos de catadores/as e pescadores/as.

Além de propor a redução da produção de itens de uso único problemáticos e desnecessários e estabelecer metas de reuso e de reciclagem, esse PL determina que só sejam disponibilizados no mercado itens capazes de retornar para a cadeia de produção, reduzindo o acúmulo de resíduos no meio ambiente e incentivando indústrias e produtos mais sustentáveis.

Saiba mais sobre a campanha Pare o Tsunami de Plástico e participe do abaixo-assinado em apoio ao PL 2524/2022.