Para reduzir plástico de uso único, organizações de 36 países se reúnem no Vietnã
Por: Patricia Bonilha
O TEMA:
Oceana integrou delegação latino-americana e apresentou painel sobre campanha de redução de descartáveis no delivery de refeições
Integrante da Aliança Resíduo Zero Brasil (ARZB), a Oceana compôs a delegação latino-americana que participou da realizada entre os dias 26 e 31 de março, no Vietnã. Movimento global que trabalha para alcançar um futuro livre da poluição plástica o Break Free From Plastic (“Liberte-se do Plástico”, em uma tradução livre), reúne mais de 12 mil organizações e indivíduos em todo o mundo para exigir a redução de descartáveis e defender soluções duradouras para a crise da poluição por plásticos.
Lara Iwanicki, engenheira ambiental e gerente de campanhas da Oceana, apresentou um painel sobre a vitória brasileira da campanha para redução de plástico de uso único no delivery de refeições no Brasil, que teve a adesão da maior empresa desse setor na América Latina, o iFood. “Houve um interesse muito grande dos participantes sobre a nossa campanha, como foram desenvolvidas as estratégias e quais os resultados alcançados. Aproveitamos também para detalhar o Projeto de Lei 2524/2022, que já tramita no Senado Federal e estabelece um marco zero para a Economia Circular do plástico”, explicou ela.
A campanha #DeLivreDePlastico, da Oceana e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), resultou em um compromisso do iFood para reduzir embalagens plásticas de uso único em suas operações, além de expandir as metas de redução para sacolas e sachês plásticos. No total, o compromisso assumido pela empresa deve eliminar 2,7 bilhões de itens de plástico descartável de uso único até 2025, quando as metas tiverem sido atingidas.
Espaço de trocas, aprendizados e estratégias
De caráter consultivo, o encontro do Break Free From Plastic proporcionou uma frutífera troca de conhecimentos e experiências. Com representantes de 36 países dos cinco continentes, a reunião global apontou caminhos e tendências no combate ao plástico de uso único. “Houve uma intensa troca de ideias sobre as articulações, estratégias e táticas entre as organizações e sobre o que tem funcionado nas narrativas de comunicação em cada país. Entendemos, por exemplo, a importância do combate à importação do resíduo plástico para países como Filipinas, Malásia e Indonésia, que recebem esse lixo das nações do Norte global”, observa Iwanicki.
Outro tema bastante debatido foi o uso de embalagens retornáveis ou reutilizáveis, no sentido de entender os principais entraves regulatórios, tributários e tecnológicos que dificultam o acesso a essas embalagens em cada país. “Percebemos que há diferenças regionais sobre a realidade das garrafas retornáveis. Diferente do que acontece no Brasil, em alguns países as opções de embalagem retornável não têm custo acessível, indústrias preparadas para colocar essas embalagens no mercado e entraves regulatórios”, aponta.
Iwanicki destacou ainda os painéis apresentados por organizações da sociedade civil sobre as estratégias de pressão que adotam para que o comércio eletrônico ou digital (também conhecido como e-commerce) praticado por gigantes asiáticas, como Alibaba.com, reduza as embalagens descartáveis.
O litígio entre instituições ambientais e empresas, demandando a adoção de materiais alternativos nos seus produtos, também foi um dos pontos altos do evento no sudeste asiático. Um dos exemplos debatidos é o processo movido pela “Resíduo Zero França” contra a gigante de laticínios francesa Danone. “Todas essas experiências apontam sinergias que nos levam a pensar novas estratégias de fortalecimento do nosso bloco da América Latina”.
O encontro foi importante também para que a sociedade civil como um todo se fortaleça e estabeleça metas para a “Segunda Sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação sobre Poluição Plástica”, organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), entre os dias 29 de maio e 2 de junho deste ano.
“Esse encontro do Vietnã prepara a nossa ida a Paris para colaborar com a construção de um tratado juridicamente vinculante para reduzir a poluição por plásticos em toda a cadeia produtiva, uma crise global que precisa ser enfrentada em bloco”, conclui Iwanicki.
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