Web série revela urgência de cotas para pescarias do pargo e da lagosta - Oceana Brasil
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Janeiro 31, 2022

Web série revela urgência de cotas para pescarias do pargo e da lagosta

O TEMA: 

 

Medida usada em vários países, a adoção de limites de captura tem potencial para recuperar estoques pesqueiros em situação de sobrepesca

 

A partir de hoje (31), a Oceana começa a compartilhar uma série de vídeos curtos chamada “Cotas garantem o futuro da pesca”, que têm como objetivo ampliar a a voz de pescadores e pescadoras na defesa da adoção de limites de captura nas pescarias do pargo (Lutjanus purpureus) e da lagosta-vermelha (Panulirus argus), que estão em situação de sobrepesca.

Seguindo todas as medidas sanitárias, a Oceana esteve nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Pará, em setembro de 2021, para documentar as atividades pesqueiras e recolher depoimentos. Novos vídeos (11, no total) serão publicados duas vezes por semana no Youtube, Facebook e Instagram da Oceana no Brasil.

As pescarias do pargo e da lagosta geram milhares de empregos diretos e indiretos, sendo os dois produtos de maior valor nas exportações brasileiras de pescado. No entanto, estoques dessas espécies estão abaixo dos níveis ideais, o que ameaça o sustento de milhares de famílias que dependem dessas pescarias para sobreviver.

Desde o início da pescaria da lagosta em 1950, o estoque da espécie sofreu uma redução de mais de 80% e está à beira de um colapso, segundo estudo publicado pela Oceana.

“O que é mais difícil na pesca da lagosta é não ter a produção, que cada vez mais vem diminuindo. Como é retirado acima do que o estoque pode repor, a tendência é acabar”, avalia Ivan Luiz Ribeiro Laurinto, pescador na Praia de Canto Verde, Beberibe (CE).

Estudos recentes conduzidos pela Oceana apontam também para um cenário preocupante em relação à pescaria do pargo. O pescador Sidney dos Santos, na região de Augusto Corrêa, zona costeira do Pará, relata que a pesca do pargo tem rendido menos em comparação a anos anteriores. “Sete anos atrás, nós passávamos 20 dias [no mar], hoje passamos 40 dias e a captura do produto diminuiu mais”, lamenta.

Solução baseada na ciência

Diante desse cenário, para proteger essas espécies e garantir o futuro da atividade, a Oceana recomenda a adoção de limites de captura, medida que consiste em determinar a quantidade máxima que pode ser pescada anualmente para que não prejudique a recuperação do estoque pesqueiro. Essa estratégia de gestão pesqueira tem se mostrado eficiente em todo o mundo e hoje é reivindicada pelas pescadoras e pescadores de lagosta de todo o Nordeste.

Preocupado em garantir que as populações de lagostas se recomponham e prosperem para as próximas gerações, o pescador Tobias Segundo, afirma que os pescadores e pescadoras da praia da Redonda, em Icapuí (CE), estão determinados a atuar para protegerem a espécie. “Nós dedicamos parte de nossas vidas em defesa da pesca da lagosta porque ela faz parte da nossa cultura, da nossa história e da nossa sobrevivência”, explica.

Aproximando universos distantes

Além de ampliar as vozes das pescadoras e pescadores que reivindicam as cotas para garantir a continuidade da pesca e, com isso, renda, emprego e bem-estar para milhares de famílias que dependem dessa atividade para sobreviver, a web série “Cotas garantem o futuro da pesca” também pretende aproximar as pessoas, que não conhecem tanto esse tema, do universo da pesca, especialmente dos desafios relacionados à captura do pargo e da lagosta, realizadas nas regiões Norte e Nordeste.