Área de oásis subaquático na Espanha tem plástico e marcas de arrasto
Dados coletados também servirão para apoiar inciativas voltadas a proibir a pesca de arrasto nas Áreas Marinhas Protegidas da Europa
Junho 30, 2022
Em expedição no Mar de Alborán, sul da Espanha, em junho, a Oceana coletou provas dos impactos da poluição por plásticos e da pesca de arrasto, inclusive em áreas de proteção marinha que deveriam salvaguardar a vida no mar. A iniciativa revelou que o fundo do mar na região de “Sur de Almería – Seco de los Olivos” está bastante impactado por atividades de pesca destrutivas, enquanto as áreas perto de Almuñecar são afetadas pela má gestão das águas residuais. Os dados coletados ao longo da expedição de sete dias serão analisados em profundidade para verificar como essas atividades humanas afetam os ecossistemas.
“A expedição da Oceana destacou os danos causados ao oceano por atividades econômicas descontroladas em terra e no mar. Instamos o governo espanhol e outros tomadores de decisão a abrir os olhos para essa realidade e tomar as medidas decisivas e necessárias para proibir a pesca destrutiva em todas as áreas marinhas protegidas da União Europeia e eliminar gradualmente o plástico que está poluindo o nosso oceano”, disse Pascale Moehrle, Diretor-geral da Oceana na Europa.
Dentre os impactos registrados pela equipe de cientistas, mergulhadores e especialistas, vários habitats ao longo da região se encontram devastados, com marcas da pesca de arrasto de fundo e abandono de materiais de pesca. Além disso, imagens da expedição mostram paisagens subaquáticas cobertas por lixo plástico tanto no fundo do mar, como na superfície.
Apesar dessas descobertas negativas, também há esperança para essas áreas que são conhecidas como pontos importantes de biodiversidade global. As pesquisas da Oceana revelaram um oásis subaquático de vida marinha: um recife coralígeno desconhecido, com muitas gorgônias e esponjas, ao largo da costa de Adra, em Almeria, na Espanha.
“Dentro da mesma área marinha protegida que estudamos, vimos ao mesmo tempo imensa beleza e riqueza natural, e os amplos danos que a pesca de arrasto de fundo e a poluição plástica causam à vida marinha”, acrescentou Ricardo Aguilar, consultor-sênior e líder de expedição da Oceana na Europa.
No recife coralígeno, foram descobertas densas colônias de esponja-de-chifre (Axinella polypoides), espécie que desapareceu de muitos lugares do Mar Mediterrâneo e está protegida pela Convenção de Barcelona[1] e pela legislação espanhola. Além dessas colônias, os cientistas registraram diversos tipos de gorgônias, incluindo a gorgônia-laranja (Leptogorgia sarmentosa) e a gorgônia-rosa (Eunicella verrucosa), bem como a gorgônia-vermelha (Paramuricea clavata), listada como uma espécie ameaçada no Mediterrâneo.
Acesse a página da expedição.