Coca-Cola vai poluir oceanos com mais de 600 mil toneladas de lixo plástico todos os anos até 2030 - Oceana Brasil
Inicio / Comunicados de Prensa / Coca-Cola vai poluir oceanos com mais de 600 mil toneladas de lixo plástico todos os anos até 2030

Coca-Cola vai poluir oceanos com mais de 600 mil toneladas de lixo plástico todos os anos até 2030

Volume equivale a mais de 190 bilhões de garrafas de 500 ml, o suficiente para encher o estômago de 18 milhões de baleias, revela relatório da Oceana sobre o aumento do uso de plástico pela maior poluidora mundial

Abril 10, 2025

Foto: Oceana / Juan Cuetos

A Oceana divulgou, no final de março, o relatório Coca-Cola’s World With Waste  (O mundo poluído pela Coca-Cola, em tradução livre) que projeta que o uso de plástico pela Coca-Cola Company poderá ultrapassar 4,1 milhões de toneladas por ano até 2030, se ela não mudar o seu sistema de produção e envasamento. Esse volume equivale a um aumento de quase 40% em relação à quantidade de plástico que ela usava em 2018, e de 20% em relação à de 2023que já correspondia a uma quantidade de plástico suficiente para dar mais de 100 voltas ao planeta.

“Atualmente, o futuro da Coca-Cola está amarrado ao plástico descartável, que é um material ruim para os oceanos, a saúde humana e os negócios. A reciclagem não consegue resolver o problema da empresa com o plástico, que está fora de controle”, alerta o vice-presidente sênior da Oceana, Matt Littlejohn. 

A Oceana constatou que, se a empresa chegasse a 26,4% de embalagens reutilizáveis ​​até 2030 (esse valor era de 10,2% em 2023), seu uso geral de plástico diminuiria em relação aos níveis de hoje. As garrafas reutilizáveis ​​podem ser aproveitadas até 25 vezes se forem feitas de plástico, e até 50 vezes se forem feitas de vidro. Ou seja, uma garrafa reutilizável evita a produção e o uso de até 49 garrafas descartáveis​. 

Campeã mundial de poluição 

Uma investigação científica de 2024 publicada na revista Science Advances concluiu que a marca “Coca-Cola” é a mais encontrada na poluição identificada no meio ambiente, seguida pelas marcas PepsiCo, Nestlé, Danone e Altria.  

No entanto, apesar de ocupar a posição de maior poluidora de plásticos do mundo, a Coca-Cola Company comunicou, em dezembro de 2024, que recuaria no seu compromisso anunciado de aumentar o uso de embalagens reutilizáveis ​​para 25% das vendas da empresa. Ao invés disso, a empresa deve priorizar a coleta de garrafas para reciclagem e o uso de conteúdo reciclado em novas garrafas. 

A corporação ainda informou que investiu quase 1 bilhão de dólares na compra de plástico reciclado em 2022 (ao invés de plástico virgem). Mesmo assim, como explica o relatório da Oceana, investir somente em reciclagem, sem considerar uma revisão no uso de plástico, não reduzirá a responsabilidade da empresa na preocupante crise global de poluição por plásticos. 

“A Coca-Cola precisa, efetivamente, tomar medidas concretas para resolver seu problema com o plástico agora, em vez de focar em medidas que não reduzem significativamente sua pegada de plástico descartável”, afirmou Littlejohn.

A poluição por plásticos já é considerada a 2ª maior ameaça ambiental ao planeta, segundo a ONU, e os seus impactos perpassam o meio ambiente – especialmente os oceanos e a sua biodiversidade, a economia e a saúde pública.  Estudos recentes revelam a presença de microplástico em diversos órgãos vitais do corpo humano, além de terem sido detectados na água potável, nos alimentos e no ar que respiramos. 

Brasil não limita produção de plástico 

Maior poluidor de plástico da América Latina e 8º maior do mundo, o Brasil ainda não tem nenhuma legislação para reduzir a produção e a consequente poluição plástica. O Projeto de Lei 2524/2022 – que propõe a redução da produção de itens de uso único problemáticos e desnecessários e estabelece metas de reuso e de reciclagem – está parado desde outubro de 2023 na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. 

O Brasil está muito atrasado nesta pauta. É preciso que o PL 2524/2022 seja aprovado imediatamente para conter o tsunami de plástico que prejudica a nossa saúde, traz impactos socioeconômicos e para o meio ambiente.   

“O projeto aguarda há um ano o parecer do senador Otto Alencar, que é médico de formação e relator da matéria. Precisamos pressionar o Senador para que ele apresente seu parecer para que a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado o aprecie, e ele possa seguir sua tramitação para as outras comissões no Congresso Nacional e, em breve, se tornar lei no Brasil”, aponta a gerente de advocacy e estratégia da Oceana, Lara Iwanicki.  

Com o propósito de engajar a sociedade a pressionar o Congresso Nacional para a aprovação do PL 2524, a campanha Pare o Tsunami de Plástico já conta hoje com mais de 80 organizações da sociedade civil, especialmente das áreas ambiental, da saúde e de movimentos de catadores/as e pescadores/as. 

Saiba mais sobre a campanha Pare o Tsunami de Plástico e participe do abaixo-assinado em apoio ao PL 2524/2022.