Curitiba consome cerca de 4,5 bilhões de itens descartáveis de plástico por ano - Oceana Brasil
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Curitiba consome cerca de 4,5 bilhões de itens descartáveis de plástico por ano

Caminhos para reduzir o uso desses materiais na cidade foram discutidos em audiência pública que contou com participação da Oceana

Outubro 28, 2021

 

Com quase 2 milhões de habitantes, a capital paranaense Curitiba consome cerca de 4,5 bilhões de itens plásticos descartáveis por ano. Levados pelos rios e ventos, a partir de fontes terrestres, eles acabam chegando no mar. Essa estimativa foi apresentada pela gerente de campanhas da Oceana, Lara Iwanicki, em audiência pública on-line realizada pela Comissão de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Assuntos Metropolitanos da Câmara Municipal de Curitiba, na noite de ontem (27/10).

Conduzida pela vereadora Maria Letícia (PV), presidente do colegiado, a audiência teve por objetivo debater a redução de descartáveis em Curitiba e na sua região metropolitana. “Basta olhar ao nosso redor para ver a quantidade de plásticos descartáveis. A pergunta que queremos trazer aqui é: onde tudo isso vai parar?”, questionou Maria Letícia. “E já respondo: nos rios, mares, no solo, dentro dos nossos organismos e nos organismos de mais de 1,5 mil espécies”.

Lara Iwanicki destacou a importância de legislações municipais restritivas ao uso de plásticos, a exemplo da cidade de São Paulo, onde está em vigor uma lei que proíbe estabelecimentos comerciais, como bares, hotéis e restaurantes, a fornecerem copos, pratos, talheres e outros utensílios de plástico descartável. “Para impedir que o resíduo plástico continue gerando custo e poluição, é preciso fechar a torneira na fonte”, afirmou. A Oceana defende a aprovação de uma lei nacional que reduza a produção de plásticos de uso único.

Ao apresentar dados do relatório Um Oceano Livre de Plásticos, Lara destacou a responsabilidade do Brasil, maior produtor de plásticos da América Latina, em adotar medidas concretas para reduzir a poluição marinha por plásticos. Com uma produção anual de sete milhões de toneladas de plástico, dos quais três milhões de toneladas são de plásticos de uso único, o país polui os oceanos com 325 mil toneladas de lixo plástico por ano.

O debate contou com a participação de representantes da sociedade civil, de entidades ligadas à defesa do meio ambiente, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e de vereadores da casa legislativa.

Alternativas para o futuro

Ainda na manhã de ontem, um webinar internacional, realizado pelo Instituto Pólis em parceria com a Fundação Heinrich Boll, também teve como tema a preocupação com a poluição causada por esse material. Moderado pela jornalista Paulina Chamorro, o evento contou com a participação das palestrantes Delphine Lévi, coordenadora europeia do Break Free From Plastic; Mariel Vilella, diretora global de estratégias da Zero Waste Europe e Lara Iwanicki, da Oceana Brasil.

Lara apontou que apesar da Política Nacional para Resíduos Sólidos (PNRS) ter completado mais de 11 anos, poucos avanços foram feitos no cenário nacional e o Brasil segue na contramão no cenário global.

“Diferente de mais de 40 países, nosso país não tem uma lei restritiva de qualquer natureza para os itens plásticos, sejam eles descartáveis ou embalagens. Na prática, esses produtos acabam se tornando rejeito, custo e poluição. A gente precisa olhar para o início da cadeia e estabelecer uma lei nacional limitando a produção de plástico descartável”, concluiu.