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Mais da metade dos estoques pesqueiros dos EUA estão sobrepescados ou em situação desconhecida

Segundo dados do governo estadunidense, a situação da pesca no país é desanimadora

Foto: OCEANA | Keith Ellenbogen

No dia 12 de maio, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa, sigla em inglês) divulgou a edição atualizada do relatório “Situação dos Estoques”, que fornece um resumo anual da condição das pescarias no país, incluindo aquelas sobrepescadas e sujeitas à sobrepesca, ou seja, quando os níveis de captura estão muito elevados.

O estudo constatou que em 2021 menos da metade dos estoques pesqueiros dos Estados Unidos estavam saudáveis, e 51 se encontravam sobrepescados – número próximo do recorde de 20% das populações de peixes avaliadas. O relatório também mostrou que os gestores da pesca não têm informações suficientes para garantir uma gestão eficiente de 45% dos estoques.

Para a Oceana, o documento destaca o fracasso da Noaa na recuperação de pescarias, como é o caso da pesca de peixes demersais da região nordeste do país (Nova Inglaterra). “É decepcionante, mais uma vez, ver a falta de avanços na recuperação das pescarias em nosso país”, disse Gib Brogan, diretor da campanha de pesca da Oceana nos Estados Unidos. “Pescarias saudáveis, ou seja, quando os peixes são capturados em níveis que permitem a recuperação das populações e resultam em capturas consistentes, são essenciais para sustentar o nosso país, principalmente as comunidades e economias costeiras”.

O relatório aponta alguns exemplos locais de pescarias em situação de alerta:

• Badejo: Comum na pesca esportiva e comercial no Atlântico Sul e no Golfo do México, foi acrescentado à lista de espécies sobrepescadas e em sobrepesca. Sua pescaria foi considerada um caso de sucesso há apenas alguns anos, mas desde então essa condição vem declinando.

• Bacalhau do Atlântico: Essa espécie continua enfrentando uma gestão ineficaz. No início do mês de maio, a Noaa tomou medidas para melhorar o monitoramento das capturas, numa expectativa que isso auxilie na recuperação da espécie.

Situação brasileira também preocupa

No Brasil, a Oceana também atua para garantir um futuro sustentável para a pesca e para as comunidades que dela dependem. Em março de 2022 foi lançada a 2ª edição da “Auditoria da Pesca – Brasil”, documento que investiga a situação da governança, das pescarias e dos estoques pesqueiros marinhos do país. O relatório revela pouco avanço desde sua primeira edição: dos 117 estoques pesqueiros que são alvo da pesca comercial marinha, apenas 8 possuem sua situação conhecida.

“A falta de uma gestão eficiente dessa atividade coloca em risco a fonte de renda e alimentação de milhões de brasileiros e brasileiras”, revela o diretor científico da Oceana, o oceanógrafo Martin Dias. “O Brasil não tem avançado no desenvolvimento nem na implementação de políticas públicas de pesca sustentável, com um elevado risco de que estoques de espécies importantes não suportem a pesca nos moldes atuais”.
Diante desse cenário, a Oceana recomenda modernizar a Lei da Pesca, de forma que o órgão gestor da pesca realize avaliações de estoque periódicas, além de aumentar a transparência e garantir a participação social na tomada de decisão.