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Mais de 60% dos brasileiros afirmam que o Congresso Nacional tem responsabilidade na redução da poluição por plástico

Na véspera da 5ª Sessão da Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, pesquisa revela ainda que 92% consideram a poluição plástica muito problemática para o meio ambiente

Fevereiro 24, 2022

A maioria dos brasileiros (68%) considera que a poluição no meio ambiente diminuirá se o Congresso aprovar uma lei restringindo a produção de itens de plástico descartável. Os dados são de pesquisas realizadas pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) em 2021, a pedido da organização não governamental, sem fins lucrativos, Oceana.

A preocupação da sociedade com o tema é grande: 92% dos respondentes afirmam que o lixo plástico é muito problemático para o meio ambiente.

Os dados do Ipec indicam também que os brasileiros estão sintonizados com uma das principais pautas da 5ª Sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unea 5.2), que acontecerá entre 28 de fevereiro e 2 de março em Nairóbi, no Quênia. Durante o evento, os países discutirão um novo tratado global para reduzir a poluição por plásticos – que já é endossado pela maioria dos Estados membros da ONU e por uma grande variedade de vozes empresariais.

Foto: Ricardo Gomes/Instituto Mar Urbano

“Essa é uma oportunidade para que os governos se comprometam com um acordo ambicioso, com disposições e obrigações juridicamente vinculativas específicas para prevenir e remediar a poluição plástica, abrangendo medidas ao longo de todo o ciclo de vida desses produtos”, afirma o diretor-geral da Oceana no Brasil, o oceanólogo Ademilson Zamboni.

Segundo o cientista, ainda que um novo tratado global promova a colaboração internacional, ele não pode ser usado para postergar soluções a nível nacional. A crise da poluição por plásticos exige ações ousadas e imediatas. Mais de 40 países têm reconhecido a gravidade dessa poluição e já aprovaram leis nacionais para diminuir a produção de plásticos de uso único. O Brasil, infelizmente, não é um deles.

O relatório “Um Oceano Livre de Plástico”, lançado pela Oceana em 2020, mostra que o país produz anualmente 500 bilhões de itens descartáveis de plástico, como copos, sacolas, pratos, embalagens de bebidas e de alimentos e recipientes de isopor. Nos últimos 20 anos, foram apresentados 135 projetos de lei no Congresso limitando, de forma isolada, o uso de alguns desses itens descartáveis. Nenhum deles avançou nas casas legislativas até hoje.

“Os governantes e as grandes corporações não podem mais fugir dessa responsabilidade ou se valer do tempo sem fim das negociações multilaterais para seguir fazendo o que sempre fizeram.  A única atitude concreta para impedir que os resíduos de plástico continuem poluindo o ambiente, onerando os municípios e trazendo riscos para a saúde humana, é ter governos e empresas comprometidos com ações locais para sua redução. A percepção da população, revelada pela pesquisa Ipec, passa uma mensagem clara ao Congresso Nacional: temos que aprovar uma lei robusta para reduzir a produção e o consumo de plástico de uso único”, destaca o diretor-geral da Oceana.

Poluição por plástico

Boa parte dos respondentes da pesquisa Ipec (41%) considera também que a poluição por plásticos é a principal ameaça para os oceanos. A questão é percebida como mais grave do que o derramamento de petróleo (29%), o lançamento de esgoto não tratado (16%), o aquecimento global/aumento da temperatura média (10%) e a pesca excessiva/irregular (2%).

O estudo da Oceana revela ainda que, a cada ano, o Brasil polui o oceano com, no mínimo, 325 mil toneladas de plásticos e que, em descompasso com os volumes de produção de itens descartáveis, a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos não são suficientes para alavancar as taxas de reciclagem do plástico.

“Mesmo que aumentássemos significativamente nossa capacidade de reciclar os resíduos, estaremos sempre atrás do volume produzido e descartado. Fica evidente, portanto, que a reciclagem nunca será suficiente para solucionar esse problema. É preciso inverter a atual lógica de descarte e promover uma economia baseada na circularidade dos materiais, na eliminação da poluição e na regeneração de ambientes naturais”, alerta Zamboni.

Sobre a pesquisa

Encomendadas pela Oceana, em junho e em setembro de 2021, cada sondagem tem amostra representativa de toda a população brasileira, com a realização de 2002 entrevistas em 141 municípios a partir de metodologia que garante a diversidade dos entrevistados. A margem de erro máxima estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total de cada amostra. O nível de confiança utilizado em ambos estudos é de 95%.