Mural de 300 metros no México lembra senadores sobre as crises do plástico nos oceanos
Junho 10, 2020
A Oceana no México divulgou um mural monumental, localizado a poucos metros do Senado da República, cujo objetivo é lembrar os senadores de sua responsabilidade de legislar contra a crise de poluição plástica vivenciada pelos oceanos.
No Dia Mundial dos Oceanos, comemorado no dia 8 de junho, Esteban García-Peña, diretor da campanha de plásticos da Oceana México, disse que esse trabalho monumental visa inspirar e lembrar os senadores de legislar em favor dos mexicanos, de sua saúde e de seus mares.
“A poluição plástica é uma realidade, e nós – sociedade, empresas, legisladores, governos locais e federal – devemos oferecer soluções para conter essa crise”, disse García-Peña durante uma apresentação virtual do mural monumental.
“As evidências da gravidade da poluição por plásticos, como a morte de tartarugas, aves, peixes e mamíferos marinhos, bem como a ingestão de plásticos por pessoas e a destruição de habitats, são contundentes. Esperamos que a arte, por fim, inspire e convença os senadores, para que nenhum plástico chegue ao oceano”, acrescentou.
García-Peña explicou que, no México, apenas 5% dos plásticos descartáveis são reciclados, 70% dos quais são processados graças aos catadores. “Somente o México despeja 9 bilhões de embalagens de plástico PET no oceano a cada ano e, com essa tendência, em breve haverá mais plástico do que peixes na água”.
“A reciclagem não será suficiente se não garantir a redução da produção de plástico a partir de sua origem. Com as leis atuais e os escassos compromissos da indústria, a poluição por plásticos no oceano terá dobrado em 2050. Por exemplo, se a indústria de bebidas substituísse pelo menos 10% das embalagens descartáveis por retornáveis, a quantidade que chega ao mar seria reduzida em 20%”, garantiu.
García-Peña lembrou que 40% da produção mundial de plásticos são embalagens, pacotes, latas e recipientes que serão usados apenas uma vez, e que os recipientes representam aproximadamente metade dos resíduos de plástico no mundo.
“70% dos plásticos descartáveis vão para o meio ambiente, e cerca de 13 milhões de toneladas de plástico são despejadas no mar anualmente. Fala-se de um caminhão de lixo cheio de plástico jogado no oceano a cada minuto”, disse García-Peña.
Cabe destacar que, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, existem pelo menos 40 iniciativas para reformar as leis em torno da redução e do confinamento de plásticos, principalmente a Lei Geral de Prevenção e Gestão Integral de Resíduos.
“Nenhuma dessas iniciativas foi votada, e elas estão no limbo, na geladeira; Acreditamos que, dessas 40 iniciativas deve sair uma que garanta a redução de plásticos descartáveis, que contemple responsabilidade estendida a produtores e importadores de plásticos, e que se estabeleçam as bases para a prevenção e eliminação da poluição por plásticos”, afirmou.
O mural, com uma superfície de 300 metros, é obra da artista Vera Primavera e se chama “Chalchiuhtlicue Diosa del Agua”. Retrata uma figura feminina que chora pela poluição dos plásticos, enquanto conforta, em seu colo, um leão-marinho preso por um pedaço de plástico descartável.
“Uma deusa da água que chora porque o oceano está se afogando em plástico, porque os habitantes do mar morrem ao comê-lo, pelo oportunismo e a indolência de alguns membros da indústria que não enxergam além de seus interesses, porque os governantes e o Congresso fazem pouco ou nada para reverter isso. Mas a arte inspira, e esperamos inspirá-los a trabalhar pelo bem da nação”, acrescentou García-Peña.
A Oceana faz um chamado aos senadores, particularmente da Comissão de Meio Ambiente, Recursos Naturais e Mudanças Climáticas, a assumir uma visão de Estado e garantir a mudança necessária para que o país salve seus mares da poluição por plásticos.
“Não existe amanhã para salvar nossa principal fonte de vida; em suas mãos está a saúde e o destino do oceano”, manifestou García-Peña.
O mural ficará em exibição por tempo indeterminado e está localizado na rua Madri, número 15, em uma das paredes do edifício Hotel Plaza Madrid, no bairro de Tabacalera, a poucos metros da sede do Senado da República.