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Oceana celebra avanço na proteção de áreas marinhas no Chile e no Canadá

Área Marinha Protegida instituída na Baía de Pisagua beneficiará pesca artesanal; normas para proteger os montes submarinos, na Ilha de Vancouver, foram publicadas.

Pisagua, Chile. Foto: ©Oceana/Fernando Olivares Chiang

Ecossistema marinho fundamental para a preservação da biodiversidade, o Mar de Pisagua, localizado no norte do Chile, acaba de ser declarado Área Marinha Protegida (AMP). O anúncio ocorre após quatro expedições realizadas pela Oceana, em parceria com a Universidade Arturo Prat.

O projeto coletou informações importantes para garantir a proteção da área. Trata-se da primeira AMP do Chile a proteger não só as espécies marinhas, mas também as comunidades locais de pesca artesanal, com dimensão de 734,9 km2. “Tínhamos informações científicas que apontavam a riqueza deste lugar”, aponta Guillermo Guzmán, professor da Universidade Arturo Prat. “No entanto, desenvolver expedições com a Oceana foi fundamental; pudemos comprovar que a Baía de Pisagua é efetivamente uma das áreas mais produtivas do Pacífico Sul”.

Devido à rica biodiversidade da Baía de Pisagua, os pescadores artesanais podem trabalhar de forma sustentável na área para apoiar a comunidade e a economia locais. “O Chile fez grandes avanços na proteção das ilhas oceânicas, mas não ao longo da costa continental, uma dívida que será saldada com a área marinha protegida de Pisagua”, avaliou Liesbeth van der Meer, vice-presidente sênior da Oceana no país.

Liesbeth destaca que a Baía de Pisagua é rica em recursos naturais, e suas áreas de manejo têm sido bem administradas pelos pescadores artesanais. “Por isso, pela primeira vez, conseguimos estabelecer uma área marinha protegida que incide diretamente sobre a pesca artesanal no norte do Chile”.

De acordo com as descobertas da expedição da Oceana, o Mar de Pisagua tem abundância de fitoplâncton e crustáceos, como krill e camarões, o que faz dele uma área perfeita para a reprodução de organismos maiores, incluindo peixes, mamíferos e pássaros. Essas descobertas motivaram as autoridades do Ministério do Meio Ambiente da região de Tarapacá a liderar iniciativas nacionais para criar a AMP do Mar de Pisagua.

“Ao tomarmos conhecimento das informações científicas resultantes dessas expedições, não houve dúvidas sobre a necessidade de criar essa nova área marinha protegida no norte do Chile, e estabelecermos um plano de proteção que foi trabalhado em profundidade com os pescadores artesanais de Pisagua, ao mesmo tempo em que ele foi socializado com a comunidade que seria beneficiada”, disse Hector Derpich, representante Regional do Ministério.

Parceria com governo e povos indígenas

No Canadá, a Oceana comemora o compromisso da agência governamental de pesca e oceanos com a publicação de normas para proteger uma área de 133.019 km2 na costa oeste da Ilha de Vancouver, onde há fontes hidrotermais e 93% das montanhas subaquáticas conhecidas do país, chamadas montes submarinos. O Canadá e o Conselho Tribal Nuu-chah-nulth, o Conselho da Nação Haida, e as Nações Indígenas Pacheedaht e Quatsino chegaram a um acordo sobre um Memorando de Entendimento para administrar de forma conjunta a nova AMP proposta.

“A diversidade e a abundância da vida nas montanhas submarinas são impressionantes e não dão margem para que se hesite em protegê-las”, avaliou Robert Rangeley, diretor científico da Oceana no Canadá. “A natureza frágil dos montes submarinos e sua importância para a vida marinha fazem com que não possamos permitir nenhuma atividade que os ameace, como equipamentos de pesca de arrasto ou mineração em alto mar. É um passo fundamental no sentido de proteger esse ecossistema marinho extremamente importante”.

Expedição sobre Montanhas Submarinas na Colúmbia Britânica, Canadá. Foto: Ocean Exploration Trust, WHOI/Miso.

O anúncio reflete a intenção de dar proteção permanente aos habitats marinhos em relação a atividades destrutivas que ameaçaram diversos montes submarinos frágeis e fontes hidrotermais em todo o mundo, colocando em risco a saúde de ecossistemas inteiros. Surge, no entanto, após anos de esforços de povos indígenas, partes interessadas, órgãos governamentais e grupos de conservação para proteger a área, quatro vezes o tamanho da Ilha de Vancouver, que está prestes a se tornar a mais nova e a segunda maior Área Marinha Protegida (MPA) do Canadá.

Em julho de 2018, a Oceana fez parceria com a agência governamental canadense de pesca e oceanos, a Nação Haida e a Ocean Networks Canada para explorar as montanhas submarinas e identificar espécies marinhas. Por meio dessa exploração em alto mar, a pesquisa revelou a existência de centenárias florestas de corais vermelhos e esponjas de vidro que proporcionam habitats para vários animais, incluindo lírios-do-mar, polvos, e peixes-pedra de vida longa. Acima dos montes submarinos, a ressurgência de águas profundas ricas em nutrientes alimenta o crescimento da vida planctônica que atrai espécies maiores como, por exemplo, atuns, tubarões e baleias-jubarte, bem como aves marinhas, incluindo papagaios-do-mar.

A Oceana no Canadá continuará defendendo a criação formal da APM e a implementação da cogestão com os povos indígenas na região.