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Oceana reivindica plano para a proteção das “florestas azuis”

Dezembro 19, 2019

Foto: Houssine Kaddachi | OCEANA

A Oceana pede a inclusão das florestas de algas em estratégias e planos climáticos oficiais, assim como a criação de um Plano de Ação Internacional para preservar esses valiosos ecossistemas marinhos. A demanda foi levada à Conferência da ONU sobre o Clima (COP-25), encerrada no domingo (15), em Madri. Durante o evento, a Oceana apresentou uma exposição de fotos com o papel fundamental dessas “florestas azuis” no armazenamento de CO2, e também alertou para o fato de que, devido à falta de proteção, elas estão diminuindo até 7% de sua área por ano.

As chamadas “florestas azuis” – compostas por algas marinhas – estão espalhadas por todo o planeta, e têm grande importância para a sobrevivência de milhares de espécies. Quanto maior o nível de biodiversidade dentro das “florestas azuis”, mais CO2 será armazenado e maior será a resistência dos oceanos diante de ameaças desestabilizadoras.

“As florestas azuis são um dos principais pulmões de nossos oceanos. Devemos protegê-las como merecem. Os relatórios científicos tendem a se concentrar nas florestas terrestres, mas as algas marinhas podem responder por até um quinto do CO2 armazenado pelos oceanos”, disse o diretor sênior de Pesquisas e Expedições da Oceana na Europa, Ricardo Aguilar. “É vital que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) as leve em consideração, e que sua proteção seja incluída nas decisões sobre políticas internacionais contra a crise climática”, defendeu.

A organização alerta que o papel dos oceanos como aliados no combate às mudanças climáticas costuma ser pouco valorizado, mas um único hectare de vegetação marinha pode armazenar até mil toneladas de CO2. Mesmo quando os ecossistemas oceânicos são levados em consideração nos planos de mudança climática, as florestas azuis geralmente são ignoradas, embora possam armazenar tanto CO2 quanto manguezais, pântanos e marismas combinados.

Mais de 17 mil espécies compõem as florestas de algas marinhas, e são agrupadas em:

• Algas marrons: existem muitos tipos diferentes dessas espécies. As algas marrons podem viver em profundidades superiores a 150 metros, enquanto outras podem flutuar livremente em mar aberto. As kelps são as maiores algas do planeta, e atingem alturas superiores a 30 metros, ao mesmo tempo em que podem armazenar anualmente mais de 1,2 kg de carbono por metro quadrado.

• Algas verdes: Costumam ser encontradas misturadas a outras plantas marinhas e, juntas, proporcionam alimento e refúgio a centenas de espécies de animais marinhos. Algumas algas verdes são unicelulares, outras formam cinturões densos nos ecossistemas costeiros e algumas são calcárias (ou seja, contêm carbonato de cálcio). Existem mais de 8 mil espécies diferentes de algas verdes.

• Algas vermelhas: essas espécies formam pradarias altamente produtivas e exuberantes. As algas vermelhas calcárias representam importante papel no sequestro de carbono e, além disso, podem ter uma vida muito longa, com algumas formações que atingem 8 mil anos de idade.

Conferência das Partes

Com início no dia 2 de dezembro em Madri, a 25ª Conferência das Partes (COP-25) sobre Clima terminou no dia 15 de dezembro, dois dias depois do previsto na programação oficial. Teve presidência do governo do Chile, com apoio logístico do governo espanhol. A conferência é o órgão supremo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que reúne anualmente mais de 190 países em conferências mundiais. As decisões são coletivas e consensuais, por isso só podem ser tomadas se forem aceitas unanimemente pelas Partes, sendo soberanas e valendo para todos os países signatários.