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Poluição plástica é uma das maiores preocupações ambientais no Chile

Chilenos responsabilizam empresas e demandam atuação do Estado. No Brasil, 68% avaliaram, em 2021, que problema pode ser enfrentado por meio de uma nova lei

Julho 28, 2023

Foto: Oceana / Juan Cuetos

A poluição causada por plásticos é a terceira maior preocupação ambiental dos chilenos, atrás apenas da escassez de água e da crise climática, revela pesquisa realizada em abril deste ano pela coalizão Supera el Plástico.

Entre os entrevistados, 88% afirmaram que há necessidade de uma ação em nível nacional para combater a poluição por plásticos, e 85% acreditam ser papel do Estado enfrentar a poluição causada pelos plásticos descartáveis. A pesquisa revela ainda um grande interesse dos cidadãos chilenos em restringir o uso desses materiais. Sobre o consumo de descartáveis em estabelecimentos, 8 em cada 10 pessoas afirmaram preferir locais que não fornecem utensílios de plástico.

A pesquisa também considerou a percepção da população chilena sobre a lei que regulamenta os plásticos de uso único e as garrafas descartáveis no país. Em vigor desde fevereiro de 2022, a Lei dos Plásticos Descartáveis proíbe o fornecimento de talheres, mexedores e canudos de plásticos e produtos de isopor nos estabelecimentos que vendem alimentos. Além disso, os supermercados são obrigados a vender e receber garrafas retornáveis por meio de seus pontos de venda físicos e pela internet.

No entanto, a pesquisa revelou um conhecimento limitado dessa lei: apenas 18% dos entrevistados afirmaram conhecê-la na íntegra. “Precisamos que as autoridades ambientais assumam a responsabilidade e apoiem os municípios, com uma comunicação e uma educação ativas voltadas a cidadãos e empresários”, destacou Liesbeth van der Meer, diretora executiva da Oceana no Chile. “Deve-se dar um sentido de urgência ao cumprimento das leis aprovadas pelo Congresso. Como país, avançamos muito em questões ambientais, mas nada avançará se as leis ficarem no papel e não forem implementadas e divulgadas”, acrescentou.

Os resultados do estudo mostram que 72% dos entrevistados chilenos acreditam que não estão sendo tomadas as medidas necessárias para garantir o cumprimento da nova legislação. Mais de 60% desconhecem qualquer ação do governo ou dos municípios para promover ou implementar a lei, 65% afirmam conhecer estabelecimentos que ainda fornecem os itens descartáveis proibidos pelo decreto, e 63% afirmam ter recebido algum desses itens ao comprar alimentos no último ano. A boa notícia é que 76% afirmam conhecer estabelecimentos que deixaram de usar plásticos descartáveis.

Responsabilizar os reais responsáveis

Em relação à responsabilização pela restrição do uso de plásticos descartáveis na sociedade, 79% dos entrevistados acreditam que os responsáveis são as indústrias e 70% avaliam que seja o Estado, enquanto 63% dizem que são os cidadãos e 55%, os estabelecimentos comerciais. Com relação aos custos, 82% dos entrevistados consideram que as empresas que fabricam produtos de plástico é que devem arcar com eles.

É urgente que o Brasil avance

No Brasil, uma pesquisa realizada em 2021, pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), a pedido da Oceana, revelou que 92% da população brasileira consideram a poluição plástica muito problemática para o meio ambiente. Boa parte dos respondentes da pesquisa Ipec (41%) considera também que a poluição por plásticos é a principal ameaça para os oceanos. A questão é percebida como mais grave do que o derramamento de petróleo (29%), o lançamento de esgoto não tratado (16%), o aquecimento global/aumento da temperatura média (10%) e a pesca excessiva/irregular (2%).

Chama atenção que mais de 60% dos entrevistados acredita ser papel do Congresso Nacional agir pela redução da poluição plástica; e que a maioria dos brasileiros (68%) avaliam que a poluição no meio ambiente diminuirá se o Congresso aprovar uma lei restringindo a produção de itens de plástico descartável.

No entanto, enquanto o Chile já tem uma legislação para reduzir a produção e o consumo de plásticos descartáveis, o Brasil ainda tem um longo caminho à frente.

Hoje, o Projeto de Lei nº 2524/2022, que propõe um marco legal para a Economia Circular do Plástico no país, aguarda tramitação no Senado Federal. A proposta visa eliminar todos os itens e embalagens plásticas desnecessários, desde a sua concepção, propondo uma revisão no atual modelo linear de produção. Apenas produtos comprovadamente recicláveis, reutilizáveis, retornáveis ou compostáveis serão disponibilizados.

Segundo o relatório “Um Oceano Livre de Plástico”, publicado pela Oceana, o Brasil, maior produtor de plásticos da América Latina, produz anualmente cerca de 500 bilhões de itens de plástico descartáveis

“Com um volume insustentável para o nosso atual sistema de gestão de resíduos, é essencial e urgente que seja aprovada uma legislação nacional que vise a redução do plástico descartável no ambiente. Está na hora do Brasil avançar com soluções reais para enfrentar este grave problema”, destaca Lara Iwanicki, gerente da campanha de Combate à Poluição Marinha por Plásticos da Oceana e uma das autoras do relatório.