Oceana estima que cerca de 390 mil copos descartados por ano na Dinamarca acabem no mar
Junho 28, 2021
Um novo estudo da Oceana mostra que sistemas reutilizáveis podem ajudar a Dinamarca a sair de sua cultura do plástico descartável. A organização estima que cerca de 390 mil copos descartáveis acabem no mar todos os anos e recomenda definir como objetivo político cessar totalmente seu uso, com uma meta intermediária de 50% de todos os copos no mercado com sistemas reutilizáveis até 2026, aumentando para 80% até 2030.
“Esta é a primeira vez que temos uma estimativa da extensão do problema dos plásticos descartáveis no ambiente marinho da Dinamarca. Os resultados mostram que o país também tem dificuldades para proteger a vida marinha da poluição do plástico e que dependemos excessivamente de plásticos descartáveis”, disse a consultora sênior de Políticas da Oceana na Europa, Naja Andersen. “Precisamos de políticas que abordem a causa fundamental do problema e apoiem a substituição de embalagens descartáveis por opções reutilizáveis”.
A maioria dos copos descartáveis é feita de plástico ou papelão forrado de plástico, para torná-los à prova d’água. A Oceana ressalta que, quando chegam ao oceano, esses copos têm um efeito devastador sobre os ecossistemas marinhos. O extenso litoral da Dinamarca e o fato de que nenhum lugar do país está a mais de 50 km do mar fazem com que, apesar de seu eficiente sistema de gestão de resíduos, haja um alto risco de que o plástico e outros resíduos vindos de áreas rurais ou ambientes urbanos acabem no mar.
Foto: PixaBay
Como enfrentar o problema
Os dinamarqueses usam 300 milhões de copos e 150 milhões de recipientes para alimentos feitos de plástico por ano. Para enfrentar o problema, a Oceana recomenda medidas para promover soluções reutilizáveis e a eliminação gradual de produtos descartáveis.
Entre elas, destacam-se a proibição de talheres descartáveis para alimentos e bebidas consumidos em bares e restaurantes; a obrigatoriedade de opções reutilizáveis em locais que vendem comida para levar; a criação de impostos sobre embalagens descartáveis de produtos para levar; e o estabelecimento de sistemas de devolução de depósitos, como o refil.
Uma pesquisa encomendada pela Oceana no início deste ano mostra que a população dinamarquesa está muito preocupada com os problemas ambientais representados pelo plástico. De acordo com os resultados, nove em cada dez dinamarqueses concordam que se deve eliminar o máximo possível do plástico descartável. A pesquisa também mostra que os dinamarqueses têm uma visão predominantemente favorável a medidas que promovam a troca de copos e outras embalagens descartáveis por alternativas reutilizáveis. Esses resultados indicam que, caso fossem tomadas, essas medidas teriam apoio público.
A partir de 3 de julho deste ano, itens como copos de poliestireno serão proibidos na União Europeia, no contexto da Diretiva sobre Plásticos de Uso Único. No entanto, é necessário fazer mais para enfrentar a crise da poluição marinha. A Dinamarca deve abrir caminho para atingir metas mais ambiciosas com base em produtos reutilizáveis.
Leis nacionais contra o plástico no mar
A quantidade extrema de lixo plástico que chega aos oceanos é um problema global. Muitos países estão avançando nesse sentido, como a recente lei aprovada pelo Congresso chileno, que proíbe itens de plástico descartável em restaurantes, bares e lanchonetes.
No Brasil, a Oceana está em campanha para reduzir a produção e o uso de plásticos descartáveis. Entre outros pontos, a organização pede ao Congresso Nacional que aprove uma lei visando a redução de resíduos evitáveis, como os itens descartáveis de plástico que se usa uma única vez e vai parar no lixo.
A Oceana também lidera, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a campanha #DeLivreDePlástico que pede aos principais aplicativos para entrega de refeições que se comprometam com a redução de plásticos descartáveis que acompanham os pedidos, como talheres, garfos, sachês, mexedores, canudos e embalagens. Quase 20 mil pessoas já apoiaram a campanha por meio da petição online.
O país é o maior produtor de plásticos da América Latina, com uma produção anual de sete milhões de toneladas. Desse montante, três milhões de toneladas são de plásticos de uso único, como copos, talheres, sacolas plásticas e embalagens para as mais diversas aplicações. De acordo com o estudo “Um oceano livre de plástico – desafios para reduzir a poluição marinha no Brasil”, publicado pela Oceana, o país é responsável por pelo menos 325 mil toneladas desses resíduos que são levados ao mar a partir de fontes terrestres tais como lixões a céu aberto e descartes inadequados.