Setembro 30, 2021
Estudo revela como a “comida azul” pode garantir a segurança alimentar
Por: Oceana
O TEMA:
A Blue Food Assessment (BFA), uma iniciativa internacional que reúne mais de 100 cientistas de diferentes instituições, divulgou os resultados de dois anos de pesquisa sobre a importância de alimentos provenientes dos oceanos e rios para a criação de sistemas alimentares saudáveis, sustentáveis e igualitários. Denominados de “comida azul”, eles são cultivados ou capturados em ambientes de água doce e marinhos, incluindo animais aquáticos, plantas e algas.
Os resultados da avaliação confirmam a necessidade de medidas políticas para restaurar e garantir a abundância dos oceanos diante da crise climática, da fome e da desnutrição. Peixes, crustáceos e algas oferecem um potencial inexplorado para o sistema alimentar global, desde que políticas e investimentos corretos sejam implementados, diz o estudo.
A Oceana apoia os esforços da BFA para informar os formuladores de políticas sobre a relevância dos alimentos azuis no atual contexto mundial. “Essa pesquisa ajudará a impulsionar a mudança de práticas que definirão o futuro dos alimentos, especialmente quando o mundo enfrenta os impactos das mudanças climáticas”, afirmou o Diretor-Presidente da Oceana, Andrew Sharpless.
Segundo ele, à medida que os impactos das mudanças no clima vão se tornando mais visíveis, é urgente restaurar a abundância do oceano e proteger comunidades vulneráveis, que dependem do peixe para aliviar a fome e a desnutrição no mundo. Atualmente, mais de 2 bilhões de pessoas não têm acesso adequado aos alimentos, e a crise climática coloca outro bilhão de pessoas em risco de insegurança alimentar e econômica.
O estudo ressalta que investir em inovação e, ao mesmo tempo, melhorar a gestão da pesca, baseada na ciência e com foco na sustentabilidade, pode contribuir para o aumento do consumo de alimentos e ter efeitos profundos sobre a desnutrição.
Refeição saudável diariamente
Um oceano saudável poderia alimentar 1 bilhão de pessoas com uma refeição de pescado capturado na natureza, todos os dias, para sempre. Pequenos peixes pelágicos, como sardinhas e anchovas, algas cultivadas e bivalves, como ostras, mariscos e mexilhões, são fontes importantes de nutrição, têm algumas das mais baixas pegadas de carbono entre as proteínas animais e sua produção praticamente não requer água doce nem terra. Para efeitos de comparação, um hambúrguer de carne bovina tem aproximadamente a mesma pegada de carbono de 4,5 quilos de sardinha capturada na natureza.
“Acreditamos que implementar políticas públicas amparadas na ciência é a única forma viável de proteger os oceanos e ampliar a oferta de alimentos”, reforça o diretor-geral da Oceana no Brasil, o oceanólogo Ademilson Zamboni.
Enquanto desafios desse porte são postos globalmente e no Brasil, ainda lutamos com a falta de dados confiáveis e disponíveis para a tomada de decisão pelos gestores públicos da pesca. O estudo Auditoria da Pesca, publicado pela Oceana, aponta que o país desconhece a situação dos estoques de 94% das espécies-alvo da frota pesqueira comercial.
Sobre a BFA
A Blue Food Assessment (BFA) é uma iniciativa internacional que reúne mais de 100 cientistas de mais de 25 instituições, incluindo o membro do Conselho da Oceana Rashid Sumaila e os consultores de Ciências da Oceana Eddie Allison, Jessica Gephart, Chris Golden e Roz Naylor. Essa equipe interdisciplinar apoia tomadores de decisão na avaliação de compensações e na implementação de soluções para construir sistemas alimentares saudáveis, igualitários e sustentáveis.