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Agosto 31, 2022

Web série da Oceana evidencia: estabelecer cotas de captura é necessário para garantir o futuro da pesca

Por: Oceana

O TEMA: 

 

Pescadores e pescadoras protagonizam vídeos sobre urgência da adoção de limite de captura para os dois pescados mais valiosos do país; modos de vida tradicionais também são retratados

A continuidade da pesca e das comunidades pesqueiras, a importância de garantir os recursos pesqueiros para a sobrevivência das atuais e futuras gerações, o modo de vida tradicional, a paixão pelo mar e os desafios cotidianos das mulheres pescadoras – esses são alguns temas que a web série de vídeos “Cotas garantem o futuro da pesca” aborda com o propósito de explicitar a importância da adoção de cotas de captura na pesca do Brasil.

“Tudo o que eu tenho até hoje foi a pesca que me deu. Eu tirei do mar”, conta Sidnéia Luisia da Silva.

“Pescador significa, para mim, tudo na minha vida. Eu gosto de pesca porque me sinto livre”, confessa Tobias Segundo da Silva.

Do Ceará, as vozes de Sidnéia e Tobias somam-se às de outras dezenas de pescadores e pescadoras artesanais da lagosta vermelha (Panulirus argus) e do pargo (Lutjanus purpureus) nessa web série produzida pela Oceana. Suas narrativas, são, essencialmente, centradas na consciência e na luta pela preservação da pesca dessas duas espécies, as mais valiosas da balança brasileira de exportação.

Filmados nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Pará, em setembro de 2021, os episódios mostram que, apesar de gerarem milhares de empregos diretos e indiretos, as pescarias do pargo e da lagosta correm sérios riscos pois ambas as espécies estão sobrepescadas.

Relevância socioeconômica

No litoral nordestino, a lagosta vermelha garante o sustento de mais de 15 mil famílias, com quase toda a produção (90%) destinada ao mercado internacional, um montante que chega a R$ 400 milhões por ano. No entanto, essa pescaria está à beira do colapso. Desde o início da sua captura, em 1950, a população de lagosta diminuiu mais de 80%.

“Aumentou a pesca predatória. Temos, agora, uma pesca de lagosta acéfala, onde cada um pesca do jeito que quer e como quer. Existem, ao longo de algumas comunidades pesqueiras, os que resistem para tentar proteger a espécie”, aponta o ex-superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) do Ceará, Raimundo Bonfim Braga, conhecido popularmente por “Kamundo”.

A situação da pesca do pargo na região Norte, que anualmente injeta R$ 150 milhões na economia brasileira, também é bastante preocupante. Em cidades como Bragança, no Pará, essa pescaria movimenta uma comunidade de 2 mil pescadores.

Sidney dos Santos, pesca na região de Augusto Corrêa, zona costeira do Pará. Ele conta que hoje os pescadores precisam ficar duas semanas no mar para a pescar a mesma quantidade de peixe que pescavam há sete anos.

Gestão científica eficiente

Para recuperar essas espécies e evitar um impacto ainda mais grave sobre as comunidades pesqueiras, garantindo o futuro da atividade, cientistas, comunidades pesqueiras e a Oceana defendem a adoção de limites de captura, que consiste em determinar a quantidade máxima que pode ser retirada anualmente de modo que não prejudique a sustentabilidade do estoque pesqueiro. Essa estratégia de gestão pesqueira tem se mostrado eficiente em todo o mundo e hoje é reivindicada, especialmente, pelas pescadoras e pescadores de lagosta de todo o Nordeste.

“A Oceana defende cotas de captura porque é a principal medida que visa manter a produção pesqueira dentro de patamares sustentáveis”, avalia Martin Dias, diretor científico da organização.

Aproximando universos distantes

Além de ampliar as vozes daqueles que reivindicam as cotas visando garantir a continuidade da pesca e, com isso, da renda, do emprego e do bem-estar para milhares de famílias que dependem dessa atividade para sobreviver, a web série “Cotas garantem o futuro da pesca” também pretende aproximar as pessoas leigas nesse tema ao universo da pesca, especialmente no que tange aos desafios relacionados à captura do pargo e da lagosta, nas regiões Norte e Nordeste.

Um dos episódios, por exemplo, é dedicado às “mulheres do mar”. Pescadoras que herdaram das avós e das mães a arte de tirar o alimento e a renda do mar, com respeito profundo à preservação das espécies, elas compartilham os desafios que enfrentam nos seus cotidianos.

“Para poder continuar ter lagostas para até o final da vida de cada um, dos nossos futuros netos e bisnetos conhecerem a lagosta, porque é a minha atividade. Só me matando mesmo para me tirar do mar”, declara Sidnéia Luisia da Silva, no episódio final da web série.

 

 

Este trabalho de campo também proporcionou material para a série de blogs “Gente do Mar”: