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Setembro 15, 2025

Filipinas protegem uma das regiões de maior biodiversidade do planeta

Por: Oceana

Ilha de Panaon, nas Filipinas. Foto: Oceana/Danny Ocampo

 

Ilha de Panaon, localizada no Triângulo de Coral, é declarada Paisagem Marinha Protegida, preservando a vida marinha e as comunidades costeiras 

 

 As Filipinas declararam oficialmente, no dia 29 de agosto, as águas ao redor da Ilha Panaon como Paisagem Marinha Protegida, preservando alguns dos recifes de coral mais vibrantes e biodiversos do planeta. A área abrange mais de 60 mil hectares de oceano, que sustentam os meios de subsistência locais, fortalecem a resiliência frente às mudanças climáticas e aproximam o país de seu compromisso de proteger 30% de suas terras e águas até 2030. 

“Proteger a Paisagem Marinha de Panaon é uma conquista global na conservação de um ecossistema único e vital, ao mesmo tempo em que garante o bem-estar das gerações atuais e futuras”, disse Von Hernandez, diretor-geral da Oceana nas Filipinas. Segundo ele, a região é um dos raros lugares onde os recifes de coral ainda estão em excelentes condições e essa é uma oportunidade de mantê-los preservados. “Esse reconhecimento representa um marco nas políticas de conservação, que defendem a biodiversidade marinha, fortalecem a segurança alimentar e combatem a pobreza”, celebra. 

Para o diretor-geral da Oceana no Brasil, Ademilson Zamboni, essa é uma vitória que merece ser celebrada no mundo todo. “É uma conquista para as Filipinas, e um progresso que reflete e inspira a conservação marinha globalmente. Quando protegemos uma área absurdamente rica em biodiversidade e fundamental para o combate às mudanças climáticas, todo o planeta se beneficia”, explica o oceanólogo. 

As águas da Ilha de Panaon são conhecidas como um corredor vital para mamíferos marinhos. “Elas são cheias de vida e proporcionam relevantes áreas de reprodução e berçário para peixes, permitindo que a vida marinha e as pessoas prosperem”, afirma Nikka Oquias, coordenadora da campanha de Áreas Marinhas Protegidas da Oceana nas Filipinas. “Com a designação da Ilha de Panaon como uma área protegida nacionalmente, comunidades e gestores passam a contar com o marco jurídico e os recursos necessários para fortalecer a gestão e a proteção dessa área. A lei também contém um dispositivo que exige a implementação de diretrizes para regular a velocidade das embarcações e proteger os grandes mamíferos marinhos que costumam transitar pela área”. 

O reconhecimento como Paisagem Marinha Protegida integra a conservação dos oceanos com as atividades humanas, equilibrando desenvolvimento socioeconômico e sustentabilidade. A nova lei exige a elaboração de um plano de gestão criado em parceria com atores locais, cientistas e agências governamentais para garantir que esses esforços de conservação gerem benefícios concretos tanto para as pessoas como o para a natureza. A Oceana foi fundamental na consulta às comunidades locais e trabalhou junto com elas para apresentar dados científicos sobre a região ao governo filipino. 

“Proteger os mares em torno da Ilha de Panaon ajuda muito a nós, pescadores, porque finalmente nossas águas serão monitoradas com regularidade. É provável que isso aumente a quantidade de peixe que nós capturamos e a nossa renda, já que as práticas de pesca destrutivas, feitas principalmente por gente de fora da ilha, serão controladas”, explica Valdemar Mercado Jr., pescador e líder comunitário em Benit, no município de San Ricardo. 

A Ilha de Panaon: exceção  

Os recifes de coral das Filipinas vêm diminuindo constantemente nos últimos 40 anos. No entanto, uma expedição liderada pela Oceana em 2020 concluiu que a Ilha de Panaon era uma exceção singular, com uma cobertura de coral três vezes maior que a média nacional. 

Ao longo da jornada de 21 dias, uma rica vida marinha foi documentada, incluindo tubarões-baleia, tartarugas marinhas e até mesmo patos filipinos, ameaçados de extinção. Os manguezais e as gramas marinhas ao redor da ilha, que contribuem para a segurança alimentar e para a preservação do clima – já que protegem contra as ressacas e armazenam carbono – também apresentavam sinais de abundância. Mesmo assim, a equipe encontrou evidências preocupantes de sobrepesca, pesca destrutiva e poluição por plásticos. 

Localizada no sul de Leyte, no Triângulo de Coral, a Ilha de Panaon foi reconhecida globalmente pelo 50 Reefs Study (Estudo dos 50 Recifes, em tradução livre) – que contou com o apoio da Bloomberg Philanthropies – como parte de um portfólio global de recifes com maior probabilidade de sobreviver aos impactos das mudanças climáticas.  

Os oceanos cobrem mais de 70% do nosso planeta, mas apenas cerca de 8% deles estão atualmente protegidos. “A proteção das águas e recifes da Ilha de Panaon pelas Filipinas é um exemplo poderoso de como os governos podem transformar compromissos em ações reais”, disse Antha Williams, que lidera o Programa de Meio Ambiente da Bloomberg Philanthropies. “Ao proteger um dos ecossistemas recifais mais resilientes do mundo, o país está apoiando os meios de subsistência costeiros e avançando de forma fundamental em direção à sua meta 30×30.”