Dezembro 30, 2020
Mensagem de fim de ano da equipe da Oceana
Este ano foi marcado pela resiliência. Tivemos que nos adaptar a uma nova ordem pautada pelo distanciamento social e tristes indicadores de saúde em decorrência da pandemia pela Covid-19.
Enfrentamos ainda situações na contramão da proteção dos oceanos, da transparência, do desenvolvimento sustentável e da participação social. Entre elas está o episódio da suspensão de normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que protegiam manguezais e restingas, ecossistemas costeiros de enorme importância socioambiental.
Mas temos que celebrar também alguns avanços. Após campanha da Oceana, a Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAP/MAPA) ampliou para todas as pescarias o preenchimento dos mapas de bordo por meio de formulários digitais. Isso já facilita o uso das informações para fins de monitoramento, pesquisa aplicada e tomada de decisão, além de reduzir a burocracia.
Confira as principais realizações deste ano:
1. Divulgamos o relatório “Auditoria da Pesca – Brasil 2020”, que revela a falta de informações sobre a situação de 94% dos 118 estoques de espécies-alvo da frota brasileira. O estudo conclui que a proteção das espécies e o futuro da pesca nacional dependem de uma profunda reforma da lei da pesca brasileira.
2. Lançamos campanha para reduzir os impactos do lixo plástico no mar. De acordo com o relatório “Um oceano livre de plástico – desafios para reduzir a poluição marinha no Brasil”, 500 bilhões de itens descartáveis de plástico são produzidos por ano no país – o equivalente a 15 mil itens por segundo. Mostramos também que o Brasil despeja 325 mil toneladas de lixo plástico anualmente no oceano.
3. Disponibilizamos em versão digital a cartilha “A Oceana e você – Juntos contra o novo coronavírus (Covid-19)”, que reúne informações sobre prevenção e cuidados em relação à doença direcionados aos pescadores e pescadoras. Além de seguir as recomendações sanitárias, não podemos descuidar dos nossos oceanos, quase sempre o destino dos resíduos descartados inadequadamente.
4. Publicamos um estudo revelando a grave situação de um dos recursos pesqueiros mais importantes das regiões Norte e Nordeste do Brasil: a lagosta-vermelha (Panulirus argus). De acordo com o relatório, o estoque da espécie está abaixo dos 18% de sua capacidade máxima, podendo comprometer o futuro da pescaria se não houver uma mudança no atual padrão de pesca.
5. Apesar da falta de abraços, tivemos muito trabalho e união no terceiro setor. As organizações não governamentais Rare e Conservação Internacional, além da Oceana, firmaram uma aliança com o objetivo de mitigar os problemas enfrentados pelas comunidades pesqueiras afetadas pelo derramamento de óleo e pela Covid-19. A iniciativa, chamada Aliança em defesa das comunidades pesqueiras artesanais do Nordeste, tem por objetivo mapear os impactos socioambientais e apontar o real quadro de vulnerabilidade da situação.
Agradecemos a você e a todos os parceiros que apoiaram nosso trabalho em prol dos oceanos e de quem dele depende. Solidários a todos que perderam entes queridos e respeitando as medidas de segurança sanitária, seguiremos trabalhando em 2021 para proteger a biodiversidade marinha e aumentar a abundância dos mares.
Equipe Oceana